Por Wanderson Amorim
As eleições municipais de 2024 em Cachoeiro de Itapemirim colocam o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), diante de um dilema político complexo. Em jogo estão alianças, fidelidades partidárias e o futuro político tanto do governador quanto de seus aliados mais próximos.
A Pré-candidatura de Lorena Vasques
No campo do PSB, partido de Casagrande, a ex-secretária municipal de Obras, Lorena Vasques, é a pré-candidata à prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. Ela conta com o apoio incondicional de seu padrinho político, o atual prefeito Victor Coelho, também do PSB. O suporte de Coelho é significativo, dada sua posição atual e influência política na cidade.
A Candidatura de Theodorico Ferraço
Por outro lado, o veterano deputado estadual Theodorico Ferraço (PP), que já governou a cidade por quatro mandatos, pretende encerrar sua carreira política disputando mais um mandato de prefeito. Ferraço é uma figura política de peso em Cachoeiro, e sua candidatura é fortalecida pelo apoio de seu filho, Ricardo Ferraço (MDB), atual vice-governador do Espírito Santo e braço direito de Casagrande.
As Implicações para Casagrande
Renato Casagrande enfrenta um dilema complicado. De um lado, apoiar Lorena Vasques poderia significar reforçar a unidade e a força de seu partido, o PSB. Contudo, isso colocaria Casagrande em oposição direta ao interesse do pai de seu vice-governador, Theodorico Ferraço. Por outro lado, apoiar Ferraço seria uma decisão politicamente sensível, pois poderia causar fricções dentro de seu próprio partido, que já lançou uma candidata forte.
O Contexto Eleitoral
Cachoeiro de Itapemirim é o maior colégio eleitoral do Sul do Espírito Santo e um dos maiores do estado, com 134 mil eleitores. A cidade é crucial para Casagrande, especialmente considerando suas ambições para 2026, quando pretende se candidatar ao Senado Federal. Manter o apoio dos eleitores de Cachoeiro será essencial para sua campanha senatorial.
A Possível Neutralidade
Diante deste cenário, uma opção viável para Casagrande pode ser a manutenção de uma postura neutra durante o pleito de outubro. Esta neutralidade permitiria ao governador evitar conflitos diretos com qualquer um dos lados e manter suas alianças intactas. Ele poderia optar por intervir apenas se perceber que há um risco real de seus aliados perderem para um dos opositores, como os pré-candidatos Diego Libardi (Republicanos) e Léo Camargo (PL).
Aliados e Oposições
É importante notar que Carlos Casteglione (PT), outro pré-candidato, é considerado um aliado de Casagrande, o que pode suavizar um pouco o dilema do governador, oferecendo uma terceira opção que, embora pesquisas apontem que não seja a mais forte, ainda representa uma continuidade de políticas alinhadas com suas visões.
Conclusão
O dilema de Renato Casagrande nas eleições de 2024 em Cachoeiro de Itapemirim exemplifica os desafios complexos que os políticos enfrentam ao equilibrar alianças, lealdades partidárias e ambições pessoais. A decisão que Casagrande tomar poderá ter impactos significativos não apenas para as eleições municipais, mas também para seu futuro político e o de seus aliados mais próximos. Manter a neutralidade pode ser a melhor estratégia para preservar suas opções e influência para as próximas eleições em 2026.