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Em audiência pública em Cachoeiro, especialistas alertam para depressão pós-parto

Cidades Saúde

Uma a cada cinco mulheres no Brasil tem depressão no pós-parto e uma a cada três perde o emprego depois de se tornar mãe. Os dados foram apresentados pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Bruno Resende (União), durante audiência pública em Cachoeiro de Itapemirim para debater a saúde mental maternal.

Os convidados discutiram sobre o estado psíquico, emocional, físico e social das mulheres na maternidade e apontaram o que precisa ser feito pelos familiares, pela sociedade e pelos poderes públicos para dar apoio durante a gestação, no parto e no pós-parto. O debate foi realizado na noite de quinta-feira (16), na Câmara Municipal de Vereadores.

Rede de apoio

Segundo a psicóloga do Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (Hifa) Esthefani Correia Bitencourt, trata-se de um período delicado devido à pressão social e ao questionamento interno por que passa a gestante, que enfrenta a revisão de sua identidade diante de um rebento e alterações em seu corpo. “A mulher tem baixa autoestima e não se reconhece naquele corpo, um corpo estranho para ela”, exemplificou.

Para encarar esse desafio, a profissional disse que é preciso constituir uma rede de apoio formada pela família, sociedade, com amparo dos profissionais da saúde por meio de políticas públicas voltadas para a mulher.

O papel do pai deve ser colocado em seu devido lugar, segundo a psicóloga. “Pai é pai e não faz parte da rede de apoio, ele também precisa de ajuda”, apontou. Para ampliar o suporte além da área médica, contribuem positivamente palestras, rodas de conversas, caminhadas e ações dos gestores com políticas públicas, observou.

Adoecimento

A mulher, em geral, não sabe lidar com seu adoecimento e não há políticas públicas para atender essa demanda específica. É necessário ter uma ação preventiva que a leve buscar ajuda assim que perceber a manifestação da doença mental, segundo a educadora parental e representante da Campanha Maio Furta-Cor em Cachoeiro de Itapemirim, Luana Aguiar.

“Se eu tenho uma política de prevenção, eu não entro no adoecimento ou eu posso perceber o adoecimento e, através de minha consciência, conseguir buscar ajuda”, explicou.

Acolhimento

A médica ginecologista e obstetra do Hifa Rosely de Almeida Freixo destacou a responsabilidade materna, acrescentando que a maternidade é um estado totalmente atípico, pois nela impactam fatores psíquicos e hormonais, afetando o eixo emocional de quem cuidava de si própria e agora tem de cuidar de outro. Não raramente, a mulher é tomada pela melancolia, afirmou a médica.

A ginecologista falou também sobre o acolhimento da gestante no pré-parto realizado no Hifa, para a mãe se sentir segura de que não vai entrar num ambiente hostil e adverso. O objetivo é assegurar que a paciente tenha confiança nos profissionais e vença possíveis receios diante de algo que ainda não foi vivenciado por ela.

Rosely Freixo reiterou a falta de rede de apoio e disse que os profissionais da saúde acabam compondo essa rede de apoio diante da ausência dos familiares. A médica apontou o desconhecimento da saúde mental materna e defendeu a necessidade de informar a sociedade sobre o tema.

A enfermeira-chefe do Banco de Leite do Hospital Francisco de Assis, Patrícia Mendes de Souza Grifo, relatou como funciona a doação para o banco de leite no Hifa e a importância do aleitamento materno para a criança.

Composição da mesa

A audiência pública em Cachoeiro foi coordenada pelo deputado Dr. Bruno. Além dele e das profissionais de saúde citadas no texto, estiveram no debate o diretor-geral do Hospital Estadual de São José do Calçado, Leônidas Figueiredo; a nutricionista Rafaela Donadeli; os vereadores Marcelinho Fávero (União) e Paulinho Careca (Podemos), de Cachoeiro; Zazá Meloni (União), de Muqui; Ramon Lambranho (DEM) e Maria Lúcia Ventorim (DEM), de Castelo.

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