Ana Paula x Pazolini

Do que tem medo a gestão Pazolini? A crítica que ecoa do plenário da Câmara de Vitória

Política

Na sessão desta semana da Câmara Municipal de Vitória, a vereadora Ana Paula Rocha (PSOL) fez duras críticas ao prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), durante a votação do pedido de urgência do Projeto de Lei 541/2025, que trata do aumento do tíquete-alimentação dos servidores públicos municipais. A fala da parlamentar reacende um debate incômodo para o Executivo: afinal, do que tem medo a gestão Pazolini? (Veja vídeo no final da matéria)

Ao questionar a postura do prefeito na tribuna da Câmara, Ana Paula lembrou um comportamento recorrente da administração municipal — o de fechar os comentários sempre que uma medida relacionada aos servidores é anunciada. “Por quê? Tem medo do diálogo com os servidores?”, provocou a vereadora.

A crítica expõe uma contradição que já não passa despercebida nem entre aliados ocasionais: enquanto o prefeito reforça sua imagem de gestor moderno e aberto, a prática revela uma comunicação controlada e pouco disposta ao contraditório — especialmente quando o tema é a valorização do funcionalismo.

Reajuste parcial e promessas pela metade

Segundo Ana Paula Rocha, o reajuste anunciado do tíquete-alimentação, que chegou a ser divulgado com pompa nas redes oficiais da prefeitura como “R$ 1.000”, não atinge todos os servidores da mesma forma. Trabalhadores da educação, por exemplo, com cargas horárias de 25 ou 35 horas, receberão valores proporcionais — o que desmonta a narrativa de reajuste universal.

“Desde o início do ano cobramos reajuste salarial e valorização real dos servidores, mas até agora a única resposta foi o silêncio e medidas que não contemplam quem faz a cidade funcionar todos os dias”, afirmou a vereadora.

O silêncio da gestão sobre o reajuste salarial, cobrado insistentemente pelos sindicatos e por parlamentares da oposição, tem ampliado o descontentamento entre categorias que sustentam os serviços públicos da capital. Ao mesmo tempo, a prefeitura avança em projetos de terceirização dos Prontos Atendimentos (PAs) e mantém uma política de valorização percebida por muitos como “seletiva”.

Cortinas de fumaça e ausência de diálogo

Ana Paula ainda criticou o comportamento da base governista na Câmara, acusando-a de criar “cortinas de fumaça” para desviar o foco das pautas centrais. “Na hora de debater as condições de trabalho e vida dos servidores, fogem para qualquer outro assunto”, afirmou.

A vereadora também lembrou o episódio do desconto nos salários e benefícios dos aposentados municipais, cobrando que a prefeitura devolva o que foi “tirado do bolso” de quem já dedicou a vida ao serviço público.

Entre o marketing e a gestão

Em Vitória, a gestão Pazolini tem apostado em estratégias de comunicação intensas nas redes sociais — com vídeos, anúncios e discursos de eficiência —, mas vem sendo acusada de priorizar o marketing em detrimento da escuta real. Fechar comentários pode até evitar críticas visíveis, mas também revela medo do debate e despreparo para o diálogo público com quem mais conhece as falhas do sistema: os próprios servidores.

Enquanto a cidade enfrenta desafios estruturais em saúde, educação e transporte, o prefeito parece optar por blindar sua imagem em vez de enfrentar o debate democrático. E é justamente essa distância entre discurso e prática que alimenta a pergunta lançada no plenário e que ressoa nas ruas: Do que tem medo a gestão Pazolini?

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