Diante da preocupação com a escassez de arroz devido às chuvas no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional, uma rede de supermercados em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, decidiu limitar a compra do produto. Em comunicado, o supermercado informou que “devido ao caos provocado pela enchente no Rio Grande do Sul, reserva-se o direito de limitar, por cliente, a quantidade dos produtos, garantindo a quantidade máxima de um fardo”.
Além do risco de falta do produto no mercado, especialistas apontam para um possível aumento no preço do arroz. O governo brasileiro já cogita importar o produto para suprir a demanda. A agropecuária gaúcha tem participação significativa na produção nacional de diversos produtos, incluindo milho, soja, arroz e carnes de frango e suíno. O impacto das chuvas também se estende à logística.
Samuel Isaak, analista de commodities da XP, explicou os efeitos econômicos da tragédia no Sul do país durante o Morning Call da XP. Ele destacou que o Rio Grande do Sul é responsável por 4% da produção nacional de milho, 14% da soja e quase 70% do arroz.
“A maioria dessas safras estava colhida. Tinha um quarto da plantação de soja para ser colhida, e em torno de um quinto das safras de milho e arroz para serem colhidas no estado. E boa parte fica na região central (do estado), em Soledade, Santa Maria e Lajeado, que foi a mais afetada (pelas chuvas)”, explicou ele.
Em relação ao preço do arroz, Isaak apontou dificuldade para quantificar o impacto na economia, mas destacou que o arroz deve ser o produto mais afetado nacionalmente. “Os preços do indicador no Instituto Riograndense do Arroz ainda não mostraram movimento de alta, mas precisa ver como isso evolui nas próximas semanas”, afirmou.
Quanto à soja, o analista observou que na Bolsa de Chicago o grão subiu quase 2,5% na semana passada e 3% nesta semana. “E parte dessa alta a gente pode atribuir sim a essa expectativa de redução de safra no Rio Grande do Sul”, concluiu.