Criatura perde feio para seu criador e sai pequeno nessas eleições em Cachoeiro

Artigos e opinião

Por Wanderson Amorim

Cuspir no prato que comeu. Esse pode ter sido o maior erro da vida de Diego Libardi (Republicanos), candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, que sofreu uma derrota acachapante nas urnas no último domingo (6).

Lembro de uma frase frequentemente dita pelo ex-deputado Carlos Manato (PL) quando era candidato a governador: “gratidão é a memória do coração”. Talvez tenha faltado isso a Libardi em relação ao seu criador, Theodorico Ferraço (PP), que foi eleito prefeito pela quinta vez.

Ferraço foi um padrinho político fundamental para Diego, oferecendo apoio significativo como se fosse um filho. Norma Ayub (PP) chegou a indicá-lo para ser Superintendente do Ibama no Espírito Santo. Em 2020, Ferraço mobilizou seu grupo em apoio a Libardi, que disputou as eleições para prefeito, obtendo pouco mais de 17 mil votos, mas perdendo para o atual prefeito Victor Coelho (PSB), que foi reeleito. Naquele momento, Diego já era visto como um forte candidato para as eleições de 2024.

No entanto, em 2022, em vez de retribuir o apoio recebido de Ferraço e Norma, Libardi optou por um caminho traiçoeiro, ao se candidatar a deputado federal. Essa decisão dividiu o grupo de Ferraço, o que pode ter custado a reeleição de Norma como deputada federal. Apesar de ter conquistado 18.784 votos, Diego não foi eleito. Essa disputa também arruinou sua relação com a família Ferraço e seu sonho de se tornar prefeito de Cachoeiro.

Na pré-campanha deste ano, Libardi não fez pesquisas para entender se os votos que obteve anteriormente eram realmente seus ou de Ferraço e subestimou a possibilidade de seu criador também se candidatar. Essa falha foi crucial.

Os 20.030 votos que Diego recebeu no último domingo são resultado do trabalho árduo dos deputados estaduais Dr. Bruno Resende (União Brasil) e Allan Ferreira (Podemos), que praticamente sustentaram sua candidatura. Em uma disputa em que ele poderia ter sido prefeito, se não tivesse rompido com Ferraço, acabou em terceiro lugar, saindo menor do que quando começou.

O presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, não esteve em Cachoeiro e, segundo fontes, não ficou satisfeito com a atuação de Diego durante a campanha, principalmente por sua inspiração em usar boné como fez Pablo Marcal em São Paulo (PRTB), o que lhe resultou no apelido de Marçal da Shoppe. Resta saber se ainda há espaço para ele dentro da sigla. Dr. Bruno Resende, que pretende concorrer a deputado federal em 2026, e Allan Ferreira, que busca a reeleição, devem ter cautela com Diego Libardi, pois ele declarou em entrevista durante a campanha que não tem compromisso com eles no futuro.

Na política, sem uma base sólida e com um histórico de deslealdade, o sucesso se torna praticamente impossível.

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