23/05/2022 às 10h45min - Atualizada em 24/05/2022 às 00h01min

Política no Brasil: “jogar sujo dentro das regras” para esconder o fracasso

Luís Fernando Lopes (*)

SALA DA NOTÍCIA Luís Fernando Lopes
Freepik
Os contínuos ataques à democracia, que para alguns parecem apenas birras de menino mimado, chegaram ao limite daquilo que pode ser considerado um regime democrático. Após um indulto presidencial concedido para afrontar diretamente uma decisão do Supremo Tribunal Federal, os membros das instituições democráticas parecem dar-se conta de que suas próprias funções estão em risco e com elas todo o regime democrático.

A estratégia de fazer confusão para colocar a culpa nos outros pela própria incompetência e irresponsabilidade não é uma tática nova. Ela não é privilégio do cenário político institucional e pode ser percebida em competições esportivas, eleições de lideranças em comunidades, entre outras. Nesse sentido, um exemplo clássico, são jogos de futebol, desde peladas até partidas de copas do mundo, nos quais um time mais fraco tenta vencer ou evitar a derrota apostando na confusão para desestabilizar o adversário. Afinal, esse jogo sujo é feito “dentro das regras”, e ainda que traga como consequências alguns cartões amarelos e mesmo expulsões, em razão da violência empregada, reclamações, cera, catimba, entre outras artimanhas, a tensão provocada poderá nivelar por baixo as equipes e oferecer a possiblidade de vitória ao time mais fraco.

Ora, ainda que a analogia seja possível, o regime democrático de um país é um fato imensamente mais importante do que o resultado de uma partida de futebol, campeonato ou qualquer outra competição esportiva. Entretanto, o jogo sujo, enquanto estratégia possível, aparentemente dentro das regras, é um fato que precisa ser considerado, pois implica no desrespeito aos participantes de um processo, no qual o consenso em torno das regras é fundamental. A avacalhação deveria trazer como consequência mínima a desclassificação. Entretanto, isso nem sempre acontece, uma vez que, é possível reclamar, fazer pressão, culpar o juiz, o adversário, a torcida, enfim, tirar o foco do que realmente importa para de alguma maneira ser favorecido.

E por falar em política e confusão, valem alguns questionamentos: como é possível que alguns reclamem da falta de liberdade e ao mesmo tempo peçam a volta da ditatura? Será desconhecimento, favorecimento, u apenas estratégia para fazer confusão e se beneficiar dela?

Nossa realidade política atual demonstra que alguns estão dispostos a fazer uso de qualquer estratégia para se manter no poder, ainda que isso implique no desprezo total ao consenso democrático. Resta saber se os membros das instituições democráticas cairão no jogo sujo da confusão, que além de os tirar da competição, ainda condena ao atraso uma nação inteira. Os preços altos, o desemprego e a fome, são apenas algumas das piores consequências da incompetência arrogante, blindada por mensagens fúteis em redes sociais, hipocrisia religiosa, intimidações e favorecimentos duvidáveis.

Quem só prejudicou e nada fez, no momento de prestação de contas, precisa encontrar motivos, inventar desculpas para justificar a própria incompetência. Geralmente, o que faz é criar confusão, desviar a atenção e tentar imputar a responsabilidade pelo próprio fracasso aos outros. Infelizmente em algumas situações a confusão favorece quem joga sujo.

Mas, por que alguns ainda insistem em desviar o olhar da realidade e se preocupar apenas com seus próprios interesses, ainda que em um curto prazo possam ser descartados por aqueles a quem permitem jogar sujo?

*Luís Fernando Lopes é mestre e doutor em Educação, professor da Área de Humanidades e do Mestrado e Doutorado profissional em Educação e Novas Tecnologias do Centro Universitário Internacional Uninter.
 

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