Na noite deste sábado (3), a espaçonave Solar Orbiter, operada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com a NASA, fará uma passagem próxima a Vênus. Na ocasião, a sonda projetada para estudar o Sol reunirá observações bônus do misterioso campo magnético do nosso planeta vizinho.
Ao longo de toda a missão, a sonda usa a gravidade de Vênus para ajustar sua órbita e se aproximar do Sol. Esses balanços regulares usando o planeta quente e escaldante também permitem que a Solar Orbiter consiga analisar seu campo magnético.
Segundo o site Space.com, o sobrevoo desta noite verá a espaçonave fazer sua maior aproximação de Vênus às 22h26 (pelo horário de Brasília), chegando a cerca de 6,4 mil km do planeta.
De acordo com Daniel Muller, cientista do projeto Solar Orbiter da ESA, durante a manobra, um dos instrumentos da sonda será responsável por fazer medições do choque do arco de Vênus. Choque do arco é como é chamada a área do campo magnético de um planeta que está voltada para o Sol, onde ele encontra o vento solar (fluxo de partículas carregadas de radiação). “É uma ‘ciência bônus’ muito interessante habilitada pelo projeto de órbita da Solar Orbiter, e estamos fazendo todo o possível para explorá-la”, disse Muller.
O voo desta noite sobre Vênus será o terceiro feito pela sonda, sendo que os encontros anteriores também ofereceram observações do magnetismo do planeta.
Ao contrário da Terra, ele não tem um campo magnético inerente gerado pelo movimento do metal derretido em seu interior. Em vez disso, o campo magnético de Vênus é o que os cientistas chamam de “induzido”, resultado da interação entre a atmosfera espessa do planeta e o vento solar.
Medições feitas durante os sobrevoos de Vênus anteriores, em dezembro de 2020 e agosto de 2021, revelaram que do lado voltado para longe do sol, o campo magnético do planeta, embora extremamente fraco, estende-se por pelo menos 300 mil km no espaço.
A Solar Orbiter também descobriu que, apesar de sua natureza fraca e instável, o campo magnético de Vênus acelera partículas carregadas dentro da magnetosfera do planeta a velocidades de mais de 8 milhões de km/h.
Os cientistas sabem da existência do campo magnético de Vênus desde que a primeira espaçonave visitou o planeta nas décadas de 1960 e 1980. Há, no entanto, muitas perguntas ainda sem resposta sobre as origens e o comportamento desse campo.
Leia mais:
Lançada em 2020, a Solar Orbiter terá várias outras oportunidades para tentar responder a essas perguntas. A sonda ainda passará por Vênus oito vezes ao longo de quase uma década durante suas viagens ao espaço, usando a gravidade do planeta para mudar sua órbita para fora do plano eclíptico no qual os planetas orbitam.
Essas manobras eventualmente permitirão que a espaçonave visualize os polos solares, que até agora são completamente inexplorados. As regiões polares são fundamentais para a geração do campo magnético do Sol, que por sua vez impulsiona o ciclo de atividade de 11 anos da estrela, a vazão e o fluxo na criação de manchas solares, erupções e tempestades. O mecanismo exato por trás desse ciclo e sua intensidade variada permanecem desconhecidos.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
O post Missão Solar Orbiter sobrevoa Vênus neste sábado (3) apareceu primeiro em Olhar Digital.