O ex-governador Paulo Hartung (PSD) parece decidido a retomar sua influência no cenário político capixaba — ainda que de forma indireta. Após apadrinhar politicamente o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), agora o veterano político quer fazer o mesmo com o deputado Sérgio Meneguelli, ex-prefeito de Colatina, para uma disputa ao Senado em 2026.
A aliança soa como uma reedição do velho jogo político, com rostos novos apenas na fachada. Hartung, que encerrou sua carreira eleitoral após a maior crise da segurança pública da história do Espírito Santo, tenta agora se reposicionar nos bastidores, construindo um bloco de aliados que lhe devolva poder e protagonismo político.
Meneguelli, por sua vez, ficou conhecido não por grandes projetos ou políticas públicas estruturantes, mas por uma série de vídeos nas redes sociais pedalando para o trabalho, varrendo ruas e pintando meio-fio — atitudes que, embora simbólicas, distorcem completamente o papel de um gestor público. O chamado “prefeito de bicicleta” virou celebridade digital, mas deixou como legado mais marketing do que resultados concretos.
Agora, como deputado, Meneguelli segue apelando ao mesmo populismo midiático, tentando comover seguidores com vídeos e falas superficiais. Mas a grande pergunta que fica é: o Senado precisa de um parlamentar que anda de bicicleta e pinta beira de rua, ou de alguém capaz de criar leis que transformem a vida dos capixabas e do povo brasileiro?
O midiatismo político, embalado por curtidas e visualizações, pode se transformar em uma grande catástrofe para o Espírito Santo. Já vimos esse filme antes: senadores eleitos na onda de discursos fáceis e moralistas, que pouco tempo depois decepcionaram os eleitores.
Hartung, ao que tudo indica, não pretende mais disputar eleições, mas parece empenhado em usar seu prestígio e articulação como uma espécie de vingança política contra antigos aliados. Ao apadrinhar Pazolini e Meneguelli, mostra que ainda quer mover peças no tabuleiro político capixaba, mesmo que isso custe mais uma rodada de promessas vazias e discursos prontos.
No fim das contas, quem corre o maior risco é o povo capixaba, que pode novamente ser seduzido por personagens de rede social e alianças de bastidores — e não por projetos concretos.
É hora de o eleitor abrir bem os olhos: por trás das bicicletas, dos vídeos e das “boas intenções”, pode haver o retorno de uma velha política disfarçada de novidade.






