O deputado federal Gilson Daniel, também presidente do Podemos, pode estar instaurando uma crise interna ao ir contra os compromissos firmados pelo deputado estadual Allan Ferreira, também do Podemos, em Cachoeiro de Itapemirim.
Na manhã desta sexta-feira (10) o deputado estadual Allan Ferreira, que conta com o apoio de Marcelo Santos, anunciou que seu partido e as agremiações colocadas à sua disposição pelo presidente da Assembleia Legislativa andariam de mãos dadas na campanha do pré-candidato a prefeito pelo Republicanos, em Cachoeiro de Itapemirim, Diego Libardi.
Marcelo Santos é o padrinho político de Allan e desde o início colocou à disposição dele os partidos Podemos, Solidariedade, PRD, Avante e PMN numa possível disputa na Capital Secreta.
O Palácio Anchieta, na pessoa do governador Renato Casagrande (PSB), só apoiaria para o pleito de outubro Allan Ferreira ou Dr. Bruno Resende (União Brasil), ambos de sua base aliada. De maneira alguma o nome de Diego teria ou terá apoio do Chefe de Estado.
Allan, bem cotado para a disputa em Cachoeiro, sabendo que não teria recursos de seu partido para a campanha, já que Gilson Daniel tem outras prioridades com o Podemos, decidiu apoiar Diego Libardi, garantindo a ele, as cinco agremiações na coligação, pois teve a palavra do presidente estadual da sigla.
No entanto, durante a tarde desta sexta-feira, Gilson Daniel demostrou contrariar o desejo e compromisso de Allan Ferreira, dizendo a um jornal da capital que sua sigla estará alinhada aos interesses de Casagrande (PSB), que tem como pré-candidata a prefeita a secretária municipal de Obras, Lorena Vasques, também do PSB.
“Estamos 100% alinhados com o governador e seus movimentos. Quem não estiver nessa linha, precisamos corrigir. Em Cachoeiro tínhamos candidato, que era o Allan. Onde temos candidatura majoritária, pode ter disputa com partidos da base do Governo do Estado. Fora disso, vamos trabalhar para alinhar! Vou conversar com o Allan e com os candidatos a vereador em Cachoeiro. Somos de um grupo político no Estado, liderado pelo governador. Movimentos com opositores ao governo não está alinhado ao movimento da Executiva Estadual do Podemos”, disse Gilson Daniel ao colunista Vitor Vogas.
Esse movimento de Gilson Daniel pode dar início a uma crise interna no Podemos e talvez até com interferências aos interesses do governador Renato Casagrande na aprovação de projetos na Assembleia Legislativa, pois sua atitude cria barreiras na aliança de Allan, que construiu uma aliança sempre com transparência e aval de seu partido.
“Realizei conversas com Gilson Daniel, em vários momentos, desde a primeira aproximação com Diego e Bruno Resende. Sempre deixei claro que poderia ser uma opção apoiar Diego, ele (Gilson) sempre deixou claro que essa opção não era a escolha endossada por ele, mas que respeitaria. Trabalhamos para construir o Podemos em Cachoeiro e mesmo após a saída de dois vereadores conseguimos reestabelecer a força do partido. Com três vereadores, agregamos outros pré-candidatos com o compromisso de mantermos unidos no projeto do trio. Não considero que nossa escolha é contra nosso governo estadual, conforme foi declarado tanto pelo Diego quanto pelo Erick, que está coligado em várias cidades ao lado do governador, como Marataízes que o pré-candidato a prefeito é do Republicanos e o vice do PSB. Tenho certeza e confiança através das conversas com Gilson que isso não será um problema para o Podemos”, informou Allan Ferreira a este colunista político.
Aliás, chama a atenção o movimento de aliados de Casagrande em torno das eleições 2024. Marcelo Santos, por exemplo, já firmou apoio em Vitória, a Lorenzo Pazolini (Republicanos), e na Serra, a Pablo Muribeca (Republicanos), ambos em partidos opostos ao governador.
Prejuízo da interferência de Gilson Daniel ao Podemos
Em Cachoeiro, a interferência de Gilson Daniel joga por água abaixo todo o trabalho de articulação política feito por Allan Ferreira em torno das eleições para vereadores do Podemos, comprometendo a participação de importantes lideranças políticas na proporcional, já que o deputado firmou o compromisso de que não iria caminhar com a máquina municipal. Um dos que pode deixar o barco é o ex-secretário de Agricultura, Paulinho Miranda, que foi exonerado por firmar acordo de apoio a Allan Ferreira. Na prática, os nomes colocados para a disputa são oposição ao PSB e mesmo numa coligação forçada não pediriam votos para o candidato da situação. Um verdadeiro tiro no pé!
Estará Gilson Daniel disposto a fragilizar o Podemos em demonstração de lealdade a Casagrande? Vamos aguardar os próximos capítulos dessa atuação e o desenrolar de mais um capítulo da política na Capital Secreta.
Como sempre digo: política é como nuvem e muda a toda hora. Até já!