Cachoeiro de Itapemirim amarga um título que nenhum consumidor gostaria de ver estampado: o de ter a gasolina mais cara do Espírito Santo — e uma das mais caras do Brasil. O cenário tem revoltado motoristas e despertado questionamentos sobre a lógica por trás da formação de preços no município.
A principal explicação para esse alto valor está na concentração de postos nas mãos de redes regionais. Com poucas opções realmente independentes, os empresários donos de apenas um posto acabam seguindo a “cartilha” imposta pelas grandes redes. O resultado é um mercado sem competição efetiva e preços que pesam no bolso do consumidor.
Os donos de postos locais alegam que o custo elevado do combustível seria consequência do frete. No entanto, esse argumento perde força diante da realidade de cidades vizinhas. Em Vargem Alta, a pouco mais de 20 quilômetros de Cachoeiro, o litro da gasolina pode ser encontrado até R$ 0,40 mais barato. Em Iconha, a 48 km de distância, a diferença chega a R$ 0,50 por litro.
Na capital do Estado, Vitória — a 137 km de Cachoeiro — o combustível é vendido a R$ 5,99, valor significativamente inferior ao praticado nos postos cachoeirenses. E a disparidade fica ainda mais gritante quando se compara com os preços nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde é possível abastecer pagando R$ 5,49 — quase R$ 1,50 a menos por litro do que em Cachoeiro.
Fica a pergunta: até quando o consumidor cachoeirense continuará refém de um sistema que impõe preços elevados sem justificativas razoáveis? O cenário atual aponta para a necessidade urgente de maior fiscalização, transparência na composição de preços e incentivo à livre concorrência no setor. Afinal, quem sofre com essa prática é a população, que paga mais caro por um direito básico: o de se locomover.