O clima em Guaçuí, no Sul do Espírito Santo, está tenso. O prefeito Marcos Luiz Jauhar (Podemos), no apagar das luzes de seu mandato, parece estar em desespero para fechar as contas públicas e garantir o pagamento de rescisões de servidores comissionados. Com poucos recursos em caixa e sem uma estratégia eficaz de gestão financeira ao longo de sua gestão, o chefe do Executivo local apelou para uma medida desesperada: pressionar a Câmara Municipal a devolver o duodécimo, com o intuito de cobrir as dívidas do município e, principalmente, garantir os pagamentos dos comissionados no final do ano.
Em uma manobra que beira o improviso, fontes locais informam que a administração de Jauhar tem solicitado publicamente que os servidores comissionados compareçam à sessão da Câmara nesta segunda-feira (18), a fim de pressionar os vereadores a devolverem “milhões que estariam sobrando” no Legislativo Municipal. O tom da mensagem que circula pelo WhatsApp é claro e alarmante: sem essa devolução, não haverá recursos suficientes para saldar as rescisões de final de ano. A frase, que carrega o peso do desespero, evidencia a fragilidade da gestão e a incapacidade de um planejamento orçamentário minimamente eficiente.
Não é a primeira vez que o prefeito Marcos Jauhar enfrenta dificuldades de gestão. Durante seu mandato, o município viu uma série de problemas administrativos, financeiros e, principalmente, uma crescente insatisfação popular, que culminou na sua não-reeleição. A falta de articulação política, aliada à gestão desastrosa dos recursos públicos, fez com que o prefeito perdesse a confiança dos cidadãos e se tornasse alvo de críticas em vários setores.
Agora, em sua reta final, Jauhar tenta de todas as formas evitar um cenário ainda mais caótico. Caso não consiga uma solução rápida para o problema financeiro, ele corre o risco de ser responsabilizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), o que pode resultar em sérias sanções para ele e para sua administração.
A situação de Guaçuí reflete a falta de planejamento de um governo que, ao longo dos anos, não soube conduzir os recursos públicos com responsabilidade. A situação dos comissionados, que agora são pressionados a participar de uma mobilização forçada, é um reflexo da instabilidade política e administrativa que marcaram a gestão Jauhar. Os servidores que dependem desses recursos para seus pagamentos de fim de ano agora se encontram reféns de uma situação que não construíram, mas que se tornou uma realidade graças à incapacidade de seus gestores.
O que mais impressiona é a falta de transparência e a aparente pressa para resolver uma situação que deveria ter sido planejada com antecedência. Não se pode atribuir o resultado de uma gestão inteira a “milhões que estão sobrando” no Legislativo. Afinal, esses recursos são oriundos de uma relação institucional que deve ser equilibrada e transparente, e não utilizada como moeda de barganha para aliviar a falta de planejamento financeiro.
Agora, com menos de 50 dias para o fim do mandato, o futuro do prefeito Marcos Jauhar e dos servidores comissionados está literalmente nas mãos dos vereadores. Eles, mais uma vez, se tornam peça-chave para a resolução da crise. O que se espera, no entanto, é que o Legislativo não se preste ao papel de salvador de uma gestão mal conduzida, mas que tenha a coragem de cobrar responsabilidades e exigir que a administração de Jauhar preste contas de seus erros e falhas.
Se os vereadores cederem à pressão, poderão estar perpetuando a irresponsabilidade fiscal que marcou o mandato do prefeito. Caso contrário, Jauhar pode ter que enfrentar as consequências legais de seu desleixo administrativo e financeiro, com repercussões para sua vida política e, mais importante, para o bem-estar da população de Guaçuí.
Neste momento, a gestão de Marcos Jauhar se encontra em um beco sem saída, onde qualquer decisão errada poderá ter repercussões graves, não só para ele, mas para todos os cidadãos de Guaçuí. O caos administrativo que ele tenta evitar pode, na verdade, ser a herança de uma gestão falida, sem planejamento e sem a mínima visão de futuro.
A reportagem tentou contato com o presidente da Câmara Municipal, Vamir Santiago (PP) para saber o valor em caixa que poderá ser devolvido, caso aprovado pela Mesa Diretora, mas não conseguiu êxito no contato. Da mesma forma, não conseguiu contato com o prefeito,