Biometano-ES

Casagrande anuncia primeira Usina de Biometano para uso industrial e residencial no ES

Espírito Santo

Em um passo histórico rumo à sustentabilidade, o Espírito Santo vai receber a primeira Usina de Biometano, transformando resíduos sólidos em energia limpa e renovável. Na tarde desta quinta-feira (18), o governador do Estado, Renato Casagrande, acompanhou a assinatura da parceria estratégica entre a Marca Ambiental, empresa líder em gestão de resíduos no Espírito Santo, e a Air Liquide para a construção da usina nas instalações da empresa no município de Cariacica.

Com capacidade para processar 2.500 metros cúbicos por hora de biogás, proveniente da decomposição dos resíduos das células de aterro sanitário da Marca Ambiental, a Usina de Biometano transformará esse biogás em biometano, um gás natural renovável que pode ser utilizado em diversas aplicações, desde indústrias até residências, e até mesmo como combustível veicular.

“Esse investimento está em sintonia com aquilo que a gente deseja, que é ser um estado inovador, com capacidade de fazer a transição energética e que também representa o bom momento do Espírito Santo em ter um bom ambiente para os negócios. O biogás oriundo do aterro de resíduos sólidos vai gerar o biometano que poderá ser utilizado pela indústria e também no abastecimento de residências. Para isso, o nosso ambiente regulatório foi fundamental ao permitir que esse biometano possa ser injetado na rede de gás da ES GÁS”, destacou o governador.

O vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço, também participou da solenidade e reforçou que essa é uma iniciativa de empreendedores capixabas. “Temos o nosso Plano Estadual de Descarbonização, que prevê investimentos importantes em energia renovável e na transição energética. Comemoramos aqui o lançamento da primeira Usina de Biometano, mas estamos determinados a buscar que outros projetos possam se instalar no Espírito Santo. Para que se torne não apenas um estado desenvolvido, mas também sustentável”, disse.

O diretor de Energias Renováveis do Grupo Marca, Diogo Ribeiro, enfatiza que a iniciativa reforça o compromisso da empresa com a inovação e a sustentabilidade, contando com o apoio e a expertise da Air Liquide, líder mundial em gases industriais e medicinais. “Essa conversão não apenas reduzirá significativamente as emissões de gases de efeito estufa, mas também contribuirá para a promoção de um ambiente mais limpo e saudável para a comunidade capixaba”, pontuou.

O projeto

O projeto também recebeu o suporte do Governo do Estado, por meio das Secretarias de Desenvolvimento (Sedes) e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), da ES Gás e da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP).

“O evento de hoje marca um passo importante para o setor de distribuição de gás no Espírito Santo. A iniciativa organizada pelo Grupo Marca traz um novo potencial para a economia capixaba, pautada principalmente no desenvolvimento sustentável, e a ES Gás sente muito orgulho em fazer parte deste momento. Essa iniciativa reforça a jornada do Grupo Energisa e da ES Gás de transformação energética e de busca pela descarbonização da economia brasileira, já que o biometano promove o aproveitamento de substratos orgânicos e menor emissão de CO²”, afirmou o diretor-presidente da ES Gás, Fábio Bertollo.

Também estiveram presentes, o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni; o diretor presidente da ARSP, Marcelo Campos Antunes; o diretor de Negócios do Bandes, Marcos Kneip Navarro; as diretoras da ARSP, Joana Resende (Saneamento Básico) e Débora Cristina Niero (Gás Canalizado e Energia); além de representantes de empresas fornecedoras.

O que é biometano?

O biometano é um combustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás que, por sua vez, é gerado pela digestão de matéria orgânica (biomassa) em equipamentos chamados de biodigestores. O produto final possui mais de 90% de metano na composição, sendo esse um substituto do Gás Natural Veicular, o GNV, extraído das jazidas de petróleo. 

Atualmente, existem 14 usinas de biometano em operação nos estados do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Essa infraestrutura produz 400 mil m³/dia, mas injeta na rede de gasodutos apenas 100 mil de m³/dia, o que equivale a 1% do potencial de produção — o total alcançável é de 100 milhões de m³/dia.

Um dos desafios do setor é a melhoria da estrutura de distribuição de gás no país. Hoje, a rede é bem estabelecida no litoral, devido à exploração do GNV, mas não no interior, onde existe potencial de produção e matéria-prima orgânica em abundância.

O levantamento da Abegás e da Abiogás mapeou 27 novas unidades de biometano que podem ser ativadas em curto prazo no país. O estado de São Paulo lidera com 15 plantas, seguido do Rio Grande do Sul com 6.

Outros estados onde existe potencial para novos projetos são Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rio de Janeiro.

Como é feito o biometano?

O biometano é feito a partir da purificação do biogás, um processo que remove o alto teor de Dióxido de Carbono (CO2) da composição e outros componentes (gás sulfídrico e teor de água), para gerar um gás com mais de 90% de metano. O biocombustível é um substituto direto do GNV, além de ser sustentável.

Para entender melhor a cadeia de produção do biometano, descrevemos passo a passo como o combustível gasoso é obtido:

1. A matéria-prima do biometano são rejeitos orgânicos vegetais, animais ou urbanos.

2. Esses resíduos são colocados em um equipamento chamado biodigestor que faz a digestão anaeróbia do material orgânico. Essa decomposição acontece graças a ação de bactérias.

3. Os produtos da primeira parte do processo químico são o biogás e o biofertilizante (composto líquido).

4. O biogás possui de 50% a 70% de metano e 30% a 45% de carbono. Por isso, ele passa pelo processo de purificação, onde o carbono é retirado para produzir o biometano.

Qual a diferença entre biogás e biometano?

O biogás é o primeiro produto da digestão realizada pelas bactérias a partir do material orgânico. O biometano também é um gás que só é obtido com a continuação do processo químico que “purifica” o biogás, predominando o metano na composição.

A produção de um gás depende da geração do outro, o que é um ganho positivo, uma vez que ambos são utilizados em diversas atividades, como combustível veicular e fontes para geração de energia.

Leia também >>> Tipos de geração de energia: quais existem, fontes e diferenças.

Para que serve o biometano?

O biometano serve como combustível para veículos pesados e leves, substituindo outros tipos como GNV, gasolina e óleo diesel. Outra função do gás é como fonte para geração de energia e calor em aparelhos que utilizam o biometano como ativo.

Segundo a Abiogás, a produção de biometano pode substituir 70% do diesel e cinco vezes o GLP (gás de cozinha) utilizado no Brasil. Por isso, os incentivos e investimentos estão em alta, com resoluções para garantir a evolução desse mercado (falaremos mais adiante sobre o assunto).

Biometano é renovável?

O biometano é um gás renovável, pois sua geração acontece a partir do tratamento de resíduos orgânicos, portanto, a produção pode ser contínua, além de ser mais limpa e barata. Comparado aos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), o gás também é uma alternativa menos poluente.

Como o que predomina na composição é o metano (mais de 90%), até 2027, espera-se que a emissão de 2,5 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera seja evitada, de acordo com a Abiogás.

Por isso, o incentivo à produção longe das áreas onde não há redes de gasoduto também é incentivada, pois é possível ter uma geração descentralizada do biocombustível para ser consumida regionalmente.

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