Ausência de Ferraço e o debate eleitoral em Cachoeiro

Artigos e opinião

Por Wanderson Amorim

Na noite desta segunda-feira (26), Cachoeiro de Itapemirim assistiu a mais um debate eleitoral promovido pelo site Em Off Notícias em parceria com a Rádio Cachoeiro. Contudo, o que poderia ter sido uma oportunidade para os eleitores conhecerem as propostas dos candidatos à prefeitura se transformou em uma arena de ataques pessoais e ofensas, confirmando o que muitos já temiam: a deterioração dos debates políticos em um contexto de polarização extrema.

Desde 2020, com o acirramento da polarização política entre direita e esquerda, os debates nos veículos de comunicação têm se distanciado cada vez mais de seu objetivo principal – apresentar propostas concretas para a população. Em vez disso, tornaram-se um palco para confrontos patéticos, onde as ideias e os projetos de governo são deixados de lado em favor de ataques pessoais, ofensas à honra e marketing político de lacração.

Diante desse cenário, é compreensível a decisão de Theodorico Ferraço (PP) de não participar do debate. Ferraço, um político experiente e respeitado, justificou sua ausência com compromissos na Assembleia Legislativa e encontros previamente agendados nos bairros de Cachoeiro. Mas é possível que, além desses compromissos, o que motivou sua decisão tenha sido a percepção do que já era previsto nos bastidores da política: um debate com poucas propostas e muitos ataques.

Ferraço entende a importância dos debates para o processo democrático. Eles são, ou deveriam ser, uma oportunidade para que os eleitores conheçam as ideias e os planos dos candidatos que almejam governar o município. No entanto, o que temos presenciado nos últimos anos é uma verdadeira degradação desse espaço de diálogo. As discussões se transformaram em um espetáculo de baixarias, onde o foco não está no bem-estar da população, mas sim em produzir memes e recortes para as redes sociais, visando prejudicar adversários.

No debate desta segunda-feira, essa tendência ficou evidente. Para aqueles que esperavam ouvir propostas concretas e discutir os desafios de Cachoeiro de Itapemirim, a experiência foi uma verdadeira decepção. O despreparo de alguns candidatos, somado à falta de foco em temas relevantes, resultou em uma noite marcada por mais do mesmo: ataques pessoais, pouca substância e muita retórica vazia.

Ferraço, por sua vez, optou por continuar seu trabalho junto à comunidade, ouvindo as demandas dos moradores e apresentando suas propostas diretamente aos eleitores. Essa escolha pode ser vista como uma postura responsável e madura, que prioriza o contato direto com a população em vez de se submeter a um ambiente que, infelizmente, tem se mostrado mais propício ao confronto do que ao debate de ideias.

Ferraço possui uma longa trajetória política e tem demostrado, ao longo de sua carreira, seu compromisso com o desenvolvimento de Cachoeiro de Itapemirim. Sua ausência no debate não significa uma falta de interesse em apresentar suas propostas; ao contrário, reflete uma estratégia de não se envolver em um cenário previsivelmente tóxico, onde a chance de discutir seriamente os problemas da cidade e suas soluções seria mínima.

Portanto, em vez de criticar sua ausência, é necessário reconhecer que, em um momento em que a política tem se tornado cada vez mais uma guerra de narrativas, a escolha de Ferraço pode ser vista como um ato de respeito aos eleitores. Ele optou por focar naquilo que realmente importa: estar presente nos bairros, ouvir a população e trabalhar por uma Cachoeiro melhor. Afinal, são essas ações que fazem a diferença na vida das pessoas, muito mais do que um debate repleto de ataques e ofensas.

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