Por Wanderson Amorim
O Estado do Espírito Santo viveu, nos últimos anos, uma experiência significativa de gestão fiscal, marcada por avanços e desafios. O debate sobre a necessidade de equilibrar responsabilidade fiscal com investimentos sociais é fundamental, especialmente quando se considera o que aconteceu em 2017, durante a greve da Polícia Militar, um dos momentos mais críticos da história recente do estado. O episódio, que durou 22 dias, causou uma onda de violência, com 219 assassinatos registrados, roubos, saques a comércios e falências de pequenos empreendimentos, além do pânico instalado na população. Esse contexto serve como um alerta sobre o impacto direto de uma gestão fiscal desajustada, que não soube combinar o controle das contas públicas com as necessidades urgentes da população.
Na ocasião, o governo de Paulo Hartung, que buscava controlar os gastos públicos com um rigor fiscal que visava garantir a saúde financeira do estado, se viu em um impasse: a falta de investimentos adequados em áreas essenciais como segurança pública resultou em uma crise sem precedentes. A greve da Polícia Militar foi um reflexo de uma gestão que, no afã de cumprir metas fiscais, deixou de atender aos anseios mais imediatos da população, como a manutenção de serviços básicos e investimentos em segurança.
Esse episódio tornou-se um divisor de águas na política capixaba, com a administração de Hartung sendo criticada por priorizar o ajuste fiscal em detrimento das demandas sociais. A falta de uma dosagem equilibrada entre austeridade fiscal e investimento público comprometeu a confiança da população e gerou um rastro de consequências que perdurou por muito tempo. A questão central levantada por muitos na época foi: como equilibrar a necessidade de um estado financeiramente responsável com a urgência de garantir a segurança e o bem-estar da população?
Hoje, com a ascensão política do vice-governador Ricardo Ferraço, o debate sobre esse equilíbrio se intensifica. Ricardo, uma figura consolidada na política capixaba, tem se posicionado como um defensor de uma gestão que saiba combinar a responsabilidade fiscal com investimentos em áreas cruciais para a qualidade de vida dos cidadãos. Em recente discurso, ele ressaltou que existem governos que apenas se preocupam com a responsabilidade fiscal, sacrificando a população, e que é preciso uma gestão que combine esse controle financeiro com os investimentos necessários, principalmente na segurança pública. Sua fala é, sem dúvida, uma reflexão sobre as lições aprendidas com o passado e uma tentativa de não repetir os erros que marcaram a gestão anterior.
Ferraço, com sua experiência e capacidade de diálogo com diferentes setores da sociedade, é visto como um nome forte para disputar o Governo do Espírito Santo em 2026. Ele representa a continuidade de uma administração que, sob a liderança de Renato Casagrande, conseguiu atingir avanços significativos em áreas como educação, saúde e infraestrutura, sem perder de vista o equilíbrio fiscal. A gestão de Casagrande se tornou referência por conseguir, ao longo dos anos, manter a “nota A do Tesouro” do Espírito Santo, um indicativo da boa saúde financeira do estado.
Neste cenário, o nome de Ricardo Ferraço se coloca como uma promessa de continuidade, mas também como uma nova abordagem para a gestão do estado.
A greve de 2017 deixou cicatrizes que não podem ser ignoradas, e a continuidade de uma gestão que combina austeridade fiscal com o atendimento das necessidades da população é o que o Espírito Santo realmente precisa.
Em última instância, a verdadeira lição que se deve tirar dos erros do passado é que o equilíbrio fiscal não pode ser um fim em si mesmo. É necessário compreender que, além da responsabilidade com as contas públicas, é preciso garantir que os recursos sejam direcionados para áreas essenciais como segurança, saúde e educação. Afinal, uma gestão que não investe nas necessidades do povo corre o risco de ser considerada apenas uma boa administradora de contas, mas incapaz de garantir o bem-estar da população. A história de 2017, com sua greve dramática, é um lembrete de que a política deve estar sempre a serviço das pessoas, e não de metas fiscais abstratas que não refletem a realidade da vida cotidiana.