O mercado de arquitetura e urbanismo no Brasil tem mostrado uma consolidação crescente de profissionais à frente de seus próprios negócios, o que exige, além das competências técnicas, habilidades voltadas à gestão, negociação e captação de clientes.
Segundo dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o número de empresas registradas no setor quase dobrou em sete anos, chegando a 44,8 mil em 2025. Em 2018, o mercado já indicava uma estrutura em torno de pessoas jurídicas, com uma empresa para cada sete profissionais, totalizando 23,9 mil empreendimentos, conforme o Anuário de Arquitetura e Urbanismo de 2019.
Lucas Galy, arquiteto e CEO da Mentoria Cúpula, aponta que um dos principais desafios dos profissionais de arquitetura é também o modelo mais predominante de captação de projetos no setor, a dependência de indicações para encontrar potenciais clientes.
“Hoje, muitos escritórios de arquitetura dependem quase exclusivamente de indicações para captar novos projetos e isso se deve ao fato de que, durante o processo de graduação, os estudantes de arquitetura não aprendem sobre captação de clientes, negócios, de forma geral, tampouco no mercado”, revela o profissional.
Para o empresário, depender apenas de indicações é um risco tanto para o crescimento quanto para a sobrevivência de um escritório de arquitetura. “A dependência de indicações limita o arquiteto ao círculo de clientes que atende. Isso gera resultados imprevisíveis e faz com que ele não tenha nenhuma visão dos próximos passos que pode dar para crescer”.
Segundo Galy, a dependência de indicações compromete a previsibilidade de receita porque o arquiteto não tem nenhum controle sobre a atração desses clientes e a falta de segurança financeira impede o profissional de investir em clientes com maior poder aquisitivo ou fazer projetos maiores.
“Essa dependência pode afetar o posicionamento de marca, pois esses escritórios precisam pegar qualquer projeto que aparece e, assim, nunca conseguem atingir o objetivo de nichar para atender o ‘público dos sonhos’. Como em um ciclo vicioso, isso afeta diretamente o posicionamento, que fica sempre genérico e dependente ‘do que aparecer’, ou seja, atender um perfil de cliente que não considera ideal”, alerta o especialista.
Oportunidades de mercado e posicionamento de marca
O mercado global de serviços de arquitetura foi avaliado em US$351,69 bilhões em 2024, com previsão de taxa de crescimento anual de 5,35% até 2029, quando deve atingir US$485,24 bilhões, de acordo com análise da Mordor Intelligence.
No Brasil, o Comparativo dos censos – I, de 2012 e II, de 2020 – de arquitetas e arquitetos e urbanistas revelou um crescimento de 34% para 51% da atuação de arquitetos e urbanistas como profissionais autônomos. No mesmo período, a proporção de assalariados caiu de 38% para 15%.
De acordo com Galy, anos atrás um pensamento enraizado entre profissionais de arquitetura e fomentado pela academia era de que o arquiteto só teria sucesso depois de anos de formado, no entanto, segundo ele, a tecnologia mudou essa realidade do setor.
“Para o arquiteto apresentar resultados do trabalho para um potencial cliente, ele precisava levá-lo para visitar obra a obra. Hoje com a internet, softwares cada vez mais rápidos e inteligência artificial (IA) que possibilitam representações visuais dos projetos hiper-realistas, é possível construir autoridade muito rápido, demonstrando o resultado do trabalho quase que instantaneamente”, reforça.
Segundo o arquiteto, para que um escritório de arquitetura deixe de depender exclusivamente das indicações e se posicione no mercado deve começar adotando a estratégia de marketing de direcionamento da comunicação para as dores, desejos e necessidades do público que deseja atender.
“A melhor estratégia hoje é trabalhar esses pontos no Instagram através de criação de conteúdos. Isso faz com que o arquiteto consiga atrair, se relacionar e converter clientes com previsibilidade, pois a rede social permite plugar vários funis de vendas diferentes para fechar projetos”, orienta o profissional.
Ainda dentro do âmbito do marketing digital, o especialista recomenda o uso de tráfego pago para impulsionar a marca e ampliar o alcance dos conteúdos. “Uma estratégia é trabalhar tráfego pago no Google Ads para uma página de vendas com foco em converter potenciais clientes que estão prontos para contratar um arquiteto”.
Galy ressalta que, considerando o comportamento atual do consumidor, recursos como Instagram, TikTok, Youtube, Google Ads, anúncios no Instagram e parcerias online são canais de aquisição de clientes que podem se mostrar eficazes para um escritório de arquitetura.
Para o arquiteto, outra estratégia é captar parcerias que possam fazer indicações para clientes. “É muito funcional construir um time de vendedores, por exemplo, parceria com corretores imobiliários, construtoras, imobiliárias e até prestadores de serviços de obra”.
O especialista destaca que investir em conhecimento sobre negócios é fundamental para o sucesso de um escritório. Para ele, mais importante que conquistar clientes é atendê-los com qualidade e construir um ecossistema de negócios fluído
“Muitos arquitetos não fecham clientes porque não possuem estrutura, funis de vendas e nem os bastidores necessários para que a atração de clientes e o faturamento sejam recorrentes e não pontuais. Então o primeiro investimento financeiro deve ser em conhecimento sobre negócios”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: instagram.com.br/arquiteturacomlucas